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BDesenhada.com - Novo Portal de Banda Desenhada

Foi inaugurado ontem um novo portal português (de Portugal) dedicado à banda desenhada que se produz um pouco por todo o mundo. O BDesenhada.com – A Volta ao Mundo da BD surge com o intuito de preencher a lacuna de não existir nenhum portal nacional com entrevistas, críticas e notícias da 9ª arte fora de Portugal. A BD realizada em Portugal será também abordada no site, de forma complementar ao que já é feito na internet portuguesa. Por isso está disponível uma secção dedicada à publicação de trabalhos não profissionais, como forma de dar visibilidade a quem está a dar os primeiros passos.
Divulgação, investigação e opinião são as linhas orientadoras, contando com 6 secções principais desde a inauguração: notícias, artigos, colunas editoriais, entrevistas, críticas e um espaço para expor a arte de autores não profissionais.

E o mais interessante no meio disto tudo é que tanto eu como o Ferrão fazemos parte do núcleo de fundadores do projecto, o que quer dizer que encontrarão textos nossos por lá. É de sublinhar que o Blog da Utopia continuará a existir tal como o conhecem. Este novo projecto é um complemento, e não um concorrente, ao sites bedéfilos que já existem.

Primeiras Impressões: American Virgin #1 e Supermarket #1

American Virgin #1

CapaArgumento: Steven T. Seagle
Desenho: Becky Cloonan
Editora: DC/Vertigo

A Vertigo adora pegar em conceitos estranhos e orientados para o desenvolvimento da personagem principal, American Virgin não escapa à regra. O conceito de se abster de relações sexuais antes do casamento é muito mais difundido nos Estados Unidos do que por cá, mas isso não retira nada ao prazer da leitura.
Adam Chamberlin tem 21 anos, é virgem por opção e atingiu o estatuto de estrela ao dar palestras sobre o assunto, e com o seu livro “Save yourself to save yourself”. Adam é especial, Deus iluminou-o e disse-lhe para não ter relações sexuais com a sua namorada antes do casamento, é esta a mensagem que Adam anda espalhar pelo país, em parte graças ao seu ar perfeito e ao seu carisma. No entanto, Adam está rodeado de pessoas muito menos recomendáveis: a mãe que o vê como uma fonte de rendimentos, o irmão mais novo que fuma ganzas (porque não há nada que o proíba na Bíblia), os primos com intenções duvidosas e uma irmã, com um ar muito pouco católico, que se afastou da família. Por trás da fachada, Adam, também parece muito menos perfeito e está mais obcecado por sexo do que dá a entender.
Gostei dos desenhos de Cloonan. Consegue mostrar Adam como um ser perfeito, rodeado de pessoas um pouco mais monstruosas. Nas cenas apropriadas o seu traço emana bastante sensualidade.
Neste primeiro número presenciamos vários acontecimentos invulgares, que servem perfeitamente para caracterizar Adam, e que provavelmente vão abalar as suas crenças. As bases estão lançadas para grandes modificações na vida de Adam, e para abordar a questão da sexualidade de uma forma engraçada e original. 8/10


Supermarket #1

CapaAutor: Brian Wood
Desenho: Kristian
Editora: IDW

Parece que todos os títulos escritos pelo Sr. Wood se estão a tornar em sucessos imediatos e Supermarket deve ir pelo mesmo caminho. Admito que gosto muito de comics, como Supermarket, situados num futuro cosmopolita não muito distante.
No mundo de Supermarket as cidades cresceram exponencialmente e foram criadas zonas de máxima segurança que custam um preço exorbitante, apenas acessível a uma pequena minoria. É numa dessas zonas residenciais que vive Pella Suzuki, descendente de pais nipónicos. Pella vem de um meio familiar muito abastado mas isso não impede de metralhar os pais com questões sobre comércio justo ao pequeno-almoço. Além disso Pella trabalha numa loja de conveniência, para poder moral para chatear os seus pais e para se aproveitar dos clientes esbanjadores que vão a este tipo de lojas. O problema é que a vida de Pella vai ser radicalmente alterada de um momento para o outro e ela não vai saber o que fazer…
O futuro onde vive Pella é um reflexo do que poderá ser o nosso se o mundo continuar a evoluir no sentido do consumismo exarcebado e sem nenhuma preocupação pelo meio ambiente. É um mundo frio e estratificado, onde as pessoas endinheiradas exibem o seu dinheiro, simplesmente porque o podem fazer.
A arte de Kristian é excelente e muito adaptada ao ambiente da história. O traço de Kristian é bastante anguloso, e incrivelmente detalhado nos grandes planos da cidade. As cores utilizadas são incríveis, há uma predominância de tons alaranjados e esverdeados, e é espantoso como Kristian consegue fazer com que os néons brilhem mesmo.
Este primeiro número agarra muito bem o leitor. Caracteriza muito bem o futuro imaginado por Brian Wood e a personagem principal, ao mesmo tempo que a mete numa enorme confusão e levanta imensas perguntas, deixando o leitor ávido pelo número 2. Gostei também do papel cartonado utilizado na capa e páginas interiores. 9/10

Talismã

descriçãoTalismã era um projecto pessoal de Manuel Morgado, estava até quase terminado quando entrou em contacto com a Devir e foi averiguar a possibilidade de colaborar com um argumentista. Tendo em conta as características desta BD, José de Freitas da Devir, juntou Filipe Faria (As Crónicas de Allaryia) ao projecto. O autor acabou por dar o seu toque pessoal à história e muito do que já estava feito foi reformulado. Esta história de fantasia é a estreia de ambos em BD.
O mundo de Ostruna está em perigo. Os Ugrator (uma das cinco raças que povoam Ostruna) estão a subjugar os outros reinos e a resistência já é pouca. O seu objectivo é capturar os quatro reis, e os seus respectivos talismãs, para poderem dominar o mundo sem problemas. Estes talismãs são muito poderosos, mas só se forem manipulados pelo seu dono legítimo. Embora o reino de Vergudir tenha caído, o seu monarca consegue salvar o talismã e enviá-lo para Fargahar (que se parece incrivelmente com uma fortaleza do Senhor dos Anéis). Em Fargahar é formada uma equipa “improvável” que tem por objectivo salvar os reis das garras dos Ugrator, no seu próprio território infestado de tropas.
É inevitável estabelecer paralelismos com o Senhor dos Anéis, uma equipa composta por membros que não se dão bem e que não seriam os mais indicados para a tarefa soa demasiado a déjà vu. Mas além disso, esta equipa tem ainda de se embrenhar em território inimigo para completar a sua missão… Não conheço a obra de Filipe Faria, mas este argumento não me convenceu. Além da falta de originalidade, a narrativa parece bastante ingénua e tudo acontece demasiado rapidamente, por exemplo, tarefas hercúleas são resolvidas de forma fácil e pouco convincente. As personagens também são caracterizadas de forma simplista e a tentativa de inserir romance na história, de forma cómica, acaba por ser um pouco grosseira. No final, a tentativa de dar uma reviravolta à história é bastante incoerente.
O traço de Manuel Morgado parece influenciado pelo mangá, mas é menos apelativo que o das BD dessa escola. Os desenhos são bastante imperfeitos e confusos, talvez um pouco de cor tivesse ajudado (vejam estes desenhos mais recentes, bem mais agradáveis à vista). A ausência de fundos mais trabalhados e de detalhe também não ajuda a cativar o olho do leitor.
Uma história de fantasia muito amadora que não convence, nem pela narrativa, nem pelas ilustrações. Parece que a dupla está produzir uma nova BD, esperemos que seja bem melhor.

BD e Ilustração Digitais em Braga

Realiza-se nos próximos dias 17 e 18 (sexta e sábado) em Braga um conjunto de workshops dedicadas à apresentação de técnicas e recursos de criação digital em Banda Desenhada e Ilustração, conduzidas por João Mascarenhas e Gastão Travado.
Serão abordadas várias técnicas: demonstração sobre a Planificação, Criação de personagens, Criação de fundos, Casos práticos com recurso às aplicações Poser, Cinema 4D, Bryce, Vue d’Esprit, Photoshop, InDesign.
Ainda nos dias 17 e 18 de Março, em paralelo com estas actividades irá decorrer a Exposição da 1ª Banda Desenhada em 3D de autores portugueses.

O evento é organizado pela livraria 100ª Página e pelo Grupo EXTRACTUS (um grupo criado em 2000 com o intuito da divulgação de BD, ilustração e cartoon) e terá lugar na livraria 100ª Página, dia 17 a partir das 21h30 (a hora do cartaz está errada) e dia 18 a partir das 15h.

Black Hole, Stardust, X-Men 3, Varjak Paw

Black Hole
Neil Gaiman já falava disto há algum tempo no seu blog e agora parece que o projecto está mesmo a andar para a frente. Gaiman e Roger Avary ("Pulp Fiction") estão a escrever o guião para "Black Hole", uma graphic novel que Charles Burns levou 10 anos a concluir e que foi muito apreciada pela crítica.
Black Hole lida com os problemas da adolescência, ao seguir um grupo de jovens cujas vidas são alteradas drasticamente ao entrarem em contacto com uma doença sexualmente transmitida - the bug.

Stardust
Mais de Neil Gaiman, mas neste caso é uma das suas obras que está a ser adaptada para o grande ecrã. O realizador será Matthew Vaughn ("Layer Cake"), que também escreveu o guião, com Jane Goldman. O que chama ainda mais a atenção é o facto de nomes como Robert de Niro e Michelle Pfeiffer fazerem parte do elenco.
Em "Stardust" um jovem, ao tentar conquistar o coração da sua amada, é obrigado a viajar até um mundo mágico.

X-Men 3
Já está disponível mais um trailer de "X-Men 3: The Final Stand", que pelos vistos é o último filme da equipa de mutantes. Neste filme, é descoberta uma cura para os mutantes, e esta revelação obriga os mutantes a optarem entre permanecerem como são ou tornarem-se humanos. Um confronto que se torna ainda mais aceso quando os mutantes têm de escolher entre Magneto e o Professor Xavier.

Varjak Paw
O excelente designer gráfico e ilustrador Dave McKean (desenhador das capas de "Sandman" e colaborador em vários trabalhor de Neil Gaiman) vai sentar-se mais uma vez na cadeira de realizador. Depois de Mirrormask, agora é a vez de adaptar o romance "Varjak Paw" (com ilustrações de McKean), que será desenvolvido na forma de uma animação. O guião estará a cargo do próprio autor do livro, S. F. Said, e de McKean.
Na história, ao salvar sua família, um gato descobre que faz parte de uma linhagem mística de felinos mágicos, mestres nas artes marciais.

Capas #6: De cape et de crocs #2

De Cape et de Crocs #2

Desenho: Jean-Luc Masbou
Editora: Delcourt
Ano de publicação: 1997
Sinopse: A história começa em Veneza, quando Don Lope de Villalobos y Sangrin (o lobo) e Armand Raynal de Maupertuis (a raposa), descobrem um mapa do tesouro que os levará até às ilhas Tangerina. De galeão, em galeão, os dois vão viver várias peripécias dignas do melhor romance de fantasia, ao mesmo tempo que fazem rir o leitor. Mais uma boa série franco-belga povoada por animais que poderiam ter saído das fábulas de La Fontaine.

Raio X #2

AS Superman 2All Star Superman #2
Argumento: Grant Morisson – Desenho: Frank Quitely

Às vezes as primeiras impressões são enganadoras… Neste segundo número, Lois é levada até à Fortress of Solitude para passar o seu dia de anos, depois de descobrir a verdadeira identidade de Superman. A atenção dada por Morisson aos pequenos detalhes é deliciosa, por exemplo, o Superman não leva Lois ao colo, enquanto voa, mas dentro de um carro, para a proteger. A reacção de Lois à sua descoberta está muito bem imaginada, afastando-se do que seria esperado, o que torna o argumento muito intrigante e original. A prenda de anos que Superman oferece a Lois promete um #3 igualmente interessante.
Penso que a arte de Frank Quitely dispensa qualquer tipo de comnetários… 8/10


Battle hymn 1Battle Hymn #1-5
Argumento: B. Clay Moore – Desenho Jeremy Haun

E se os super-heróis tivessem existido, realmente, durante a segunda guerra mundial? A premissa desta mini-série pode não parecer muito original, mas B.Clay Moore centra a narrativa num aspecto não muito explorado neste tipo de BD.
O governo norte-americano decide formar uma equipa de super-heróis para ajudar na luta contra os nazis. Os heróis têm várias origens, e nacionalidades, e podem ser facilmente identificados com os heróis clássicos de outras editoras. No entanto, aqui não são pequenos escuteiros ingénuos, com um coração de ouro, mas verdadeiros seres humanos, corrompidos pelo elevado estatuto que têm e pelo seu ego insuflado. A trama não segue as batalhas travadas pela equipa na frente de combate (existindo apenas uma sequência na guerra), mas debruça-se sobre as implicações políticas que uma equipa deste género poderia ter. É interessantíssima a finalidade que o governo dá à equipa, assim como os jogos políticos que daí advêm.
Fiquei muito impressionado com a arte de Jeremy Haun. Utilizando um estilo muito realista e detalhado, Haun recria muito bem o espírito da época, em parte graças às tonalidades mais escuras que foram aplicadas. Além disso, há momentos de excelente planificação, em que a narração é puramente visual.
Nota positiva também para a ausência de publicidade, e inclusão de numerosos bónus em cada comic: flip covers, sketches, mini-comics, etc… 10/10


Dampyr 8Dampyr #8
Argumento: Mauro Boselli e Maurizio Colombo – Desenho: Nicola Genzianella

Um número atípico em que não há vampiros e Dampyr não anda com os seus companheiros habituais. História bastante “Lovecraftiana”, centrada na procura de um livro (imaginário) de magia negra, o Grimorio "De Profundis". Associados às diferentes partes, em que o livro foi dividido, acontecem vários crimes sangrentos em diversas universidades alemãs. Embora este número se assemelhe mais a uma investigação de Dylan Dog, que a uma aventura de Dampyr, a trama está muito bem conseguida e entretêm. É também divertido ver Dampyr a fazer-se passar por professor universitário, como poderiam ser as suas aulas de vampirismo e o seu relacionamento com os alunos.
O traço de Nicola Genzianella é muito competente, sendo uma mais valia para a narrativa. 7/10


Hard Time 2Hard Time #2
Argumento: Steve Gerber e Mary Skrenes - Desenho: Brian Hurtt

Este número continua a ser amigável para os novos leitores da série. São introduzidos os vários gangs prisionais, os presidiários mais importantes para a acção e as regras que regem a vida na cadeia. Um número sólido, em que há uma boa caracterização das personagens, principalmente de Ethan, e é introduzida uma nova personagem que promete vir a ser bastante interessante: um psicopata com tendência para mutilar as suas vítimas (de preferência jovens).
Gosto do desenho “cartoonish” de Hurtt e das cores vivas que são utilizadas. 7,5/10


Julia 7J. Kendall – As Aventuras De Uma Criminóloga #7
Argumento: Giancarlo Berardi e Giuseppe De Nardo - Desenho: Luigi Siniscalchi

Uma boa história policial manchada pelo traço pouco preciso, e imperfeito, de Siniscalchi.
Uma jovem é assassinada num jardim, à noite, após se ter despedido do namorado. As pistas apontam para vários suspeitos, cada um com um motivo plausível. Mas é o perfil traçado por Júlia que permite desvendar a verdadeira identidade do culpado, sem que ninguém saia prejudicado. Novamente, o papel de Júlia é essencial, para que não se saltem para conclusões erradas, e há uma reviravolta no final muito mórbida, que arruma o caso de forma original. Pena o desenho ser tão fraco… 6/10