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Criminal #1-5: Coward

Criminal #1Autor:Ed Brubaker
Desenhador:Sean Phillips
Editora:Icon/Marvel

Nos últimos meses, Ed Brubaker foi sem dúvida o autor de BD que teve a maior cobertura mediática depois de ter morto o Capitão América. Embora o seu trabalho em títulos de super-heróis tenha chamado a atenção de muita gente (tenho acompanhado Daredevil e tenho estado a gostar), é nos títulos policiais que Brubaker brilha. Criminal é a sua última criação neste campo, com a ajuda de Sean Phillips, o seu colaborador na excelente série de espionagem da DC/Wildstorm: Sleeper.
Criminal é uma delícia para quem é adepto de BD noir. Este primeiro arco é a história clássica de um assalto que corre mal. Tem todos os ingredientes necessários: um criminoso “reformado” (que volta para um último golpe), polícias corruptos, uma femme fatale e um assalto engenhoso, que culmina numa fantástica perseguição automóvel… Embora seja uma história que, à primeira vista, pareça não ter nada de original, Brubaker não se limita a repetir fórmulas já gastas. Aliás, face à brilhante caracterização das personagens, a narrativa e a sua resolução ficam em segundo plano. As personagens de Brubaker são incrivelmente humanas, cheias de falhas e vícios. E à medida que nos são desvendados os seus motivos e traumas, é impossível o leitor não sentir empatia por estes foras da lei.
No entanto, não quero desvalorizar a narrativa, que sendo bastante clássica, foi elaborada seguindo uma boa receita. Brubaker arquitectou um thriller empolgante, passado num ambiente sombrio e brutal. Numa trama cheia de enganos e falsas aparências, são lançadas várias pistas falsas ao leitor. O suspense construído ao longo dos cinco números é eficaz, e o final está longe de ser banal.
A arte de Sean Phillips é realista e com sombras bastante carregadas, o que lhe dá um ar pouco polido e sujo. Exactamente o que se espera para retratar o ambiente em que vão decorrer as histórias deste submundo imaginado por Brubaker. Além disso, Phillips tem uma excelente noção de ritmo, que lhe permite retratar momentos de grande violência de uma forma crua e surpreender o leitor aquando nos momentos mais chocantes.
Seguindo a tradição dos comics independentes, não há publicidade no meio da história e cada número traz um pequeno bónus no final. Até agora foram pequenos ensaios sobre os clássicos do cinema noir, muito interessante. E gratificante para quem nem sempre tem paciência para esperar pelo TPB…
Este primeiro arco é uma pequena pérola para quem gosta da sua dose de ficção criminal aos quadradinhos. O enredo habilmente conduzido e a arte fantástica de Phillips, dão-me vontade de conhecer o resto das personagens que Brubaker tem para nos apresentar.

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