//

A vida está difícil...

Como já devem ter reparado, o blog anda só a meio gás. A verdade é que temos andado demasiado ocupados para dar ao Blog da Utopia a devida atenção. Posso falar por mim e dizer que nem sequer tenho tido tempo para ler BD, quanto mais estar a par das notícias e fazer críticas...
Mas o principal objectivo deste post é parabenizar a Mundo Fantasma pela sua participação do FCBD (Free Comic Book Day) deste ano e agradecer por me terem enviado os 3 comics grátis (X-Men/Runaways, Bongo Comics Free-For-All e Future Shock) relativos à promoção para os membros do BDesenhada.com. Só é pena que tão pouca gente tenha aproveitado a promoção (segundo os números a que tenho acesso, só 7 pessoas o fizeram...). Iniciativas destas são sempre bem vindas.

Invincible Ultimate Collection Vol. 1

CapaArgumento: Robert Kirkman
Desenho: Cory Walker e Ryan Ottley
Editora: Image


Depois de começar a comprar os TPB de Walking Dead, o Tiago da Mongorhead ofereceu-me o #0 de Invincible e disse-me que eu ia gostar. Achei estranho porque na minha standing order não tenho nenhum título de super-heróis, mas já que era de graça… 16 páginas depois estava agarrado e fiquei à espera do volume em capa dura que vinha anunciado na contra-capa (400 páginas, #1-13, boa maneira de começar a ler Invincible!), isto sim é marketing eficaz… Depois de ler este primeiro volume posso dizer que voltei a redescobrir o prazer de ler super-heróis.
Invincible não é o título mais original de todo o sempre na história dos homens voadores, pode até nem ser o melhor, mas é de certeza o mais divertido. Kirkman utiliza os velhos cânones dos títulos de super-heróis: identidades secretas, equipas de super-heróis, extra-terrestres que se tornam nos salvadores do planeta, etc… No entanto, é dado mais ênfase à pessoa que veste o fato do que propriamente às suas acções como super-herói. Além disso, como já é hábito nos argumentos de Kirkman, tudo pode acontecer de um momento para o outro e alterar completamente o que as personagens, e o leitor, tinham tomado como adquirido.
A premissa é simples, Mark é filho do maior super-herói da Terra, Omni-Man, e sabe que durante a sua adolescência, além de todas as alterações normais, poderá também desenvolver os mesmos poderes que o seu pai. Todo o processo da transformação de Mark em super-herói é genial, pois brinca com todos os conceitos clássicos deste tipo de BD, sem nunca cair no ridículo. Mas também acrescenta algumas ideias originais, como o facto de Mark contar aos pais e sair em “missão” com o seu pai. É raro ver-se os pais encararem super-poderes como algo banal e não tentarem dissuadir o filho de salvar o mundo. As cenas do quotidiano de uma família de super-heróis e as passadas na escola, são uma mais valia para a história, pois Kirkman aposta mais na caracterização de Mark do que nas suas acções, e é precisamente o que torna este título tão divertido. A adolescência é um período fértil em acontecimentos estranhos, agora juntem-lhe o aparecimento de super-poderes…
Invincible é um super-herói e portanto não se passa tudo em casa ou na escola, existem batalhas, invasões alienígenas e muitas reviravoltas. Ao ler os 13 comics juntos dá para ver que Kirkman tem tudo muito bem planeado e faz tudo para surpreender o leitor. Embora o herói principal seja o Invincible, este título é um pouco como o Savage Dragon, em que existe uma multiplicidade de personagens secundárias com bastante peso na história. O que permite a Kirkman desenvolver várias narrativas ao mesmo tempo, que podem até parecer desconexas, mas que invariavelmente acabam por convergir de forma explosiva.
Os desenhos de Cory Walker são o que seria de esperar num título deste género. Funciona, é colorido e tem alguns planos interessantes, mas não é memorável. Ryan Ottley tem um estilo semelhante ao de Walker, mas é bem melhor. As suas personagens são muito mais expressivas, as batalhas são bombásticas e utiliza grandes planos que ganham muito numa edição de maiores dimensões como esta. Não são nenhuns virtuosos, mas no registo dos comics de super-heróis os seus desenhos em nada ficam a dever aos de outros títulos.
Quanto a esta edição gigantesca, além de ser num formato maior em capa dura, conter 13 números, tem ainda 80 páginas só de extras, que incluem: sketches, capas alternativas, arte promocional, um guião e mais coisas, tudo com comentários humorísticos de Kirkman.
Se gostam, ou já gostaram, minimamente de super-heróis leiam Invincible, não se vão arrepender. Robert Kirkman conseguiu criar um comic divertido e relativamente original sobre super-heróis que tem potencial para durar até ao #500. Eu espero pela minha próxima dose de 13 números…

Cinco sugestões de leitura (por Farinha)

Depois das sugestões do Ferrão, aqui ficam as minhas:

BoneBone

Os três primos Bone são expulsos da sua aldeia e na busca por outro lugar para viver acabam por se ver envolvidos numa aventura épica, na qual desempenham um papel determinante. É suficientemente simples e cativante para agradar a qualquer pessoa e ao mesmo tempo muito bem escrita e capaz de agradar ao bedéfilo mais exigente. E tem uns fantásticos desenhos a preto e branco.
Uma BD que consegue ser uma das minhas favoritas sem sequer a ter lido completamente, ainda.


The Walking DeadThe Walking Dead

Uma história de zombies em que estes não desempenham o papel principal e são apenas acessórios para explorar o comportamento das pessoas quando colocadas em situações extremas. De sublinhar a forte caracterização das personagens e das relações entre elas e os óptimos desenhos a preto e branco.
Lê-se especialmente bem em formato paperback, correndo-se o risco de o tempo passar sem que se dê por ele.


The UltimatesThe Ultimates Vol.1

Inserida na linha Ultimate da Marvel, The Ultimates pretende mostrar como seriam os Avengers se surgissem nos dias de hoje. É a típica história dos super-heróis a salvar o mundo mas escrita de tal forma que faz com que não pareça cliché. Tem humor, acção, drama e tudo isto acompanhado pela arte fantástica de Bryan Hitch.
Um dos melhores títulos de super-heróis que li nos últimos tempos.


Kingdom ComeKingdom Come

A história passa-se no futuro, quando uma nova geração de meta-humanos está a causar o caos e os super-heróis de hoje são obrigados a voltar ao activo para tentarem controlar a situação. São feitas referências políticas e abordam-se questões morais e éticas, levantando várias questões quanto ao papel que os super-heróis devem desempenhar. A par disto está a arte fenomenal de Alex Ross, que faz com que a leitura desta BD seja um pouco mais demorada, tal não é o tempo que se fica a contemplar cada página.


Midnight NationMidnight Nation

David Grey vai parar a um mundo em tudo igual ao nosso onde estão as pessoas que foram ignoradas ou esquecidas pela sociedade. A única forma de voltar ao seu mundo é embarcar numa missão para reaver a sua alma. Além de tentar abordar temas como a exclusão social, consegue fazê-lo de uma forma bastante interessante e as situações surpreendentes são uma constante.