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Sketchbook nº1

descriçãoAutores: João Martins (A Parede);Daniel Maia (Hunter)
Editora: Estúdio de BD – AJCOI


Como já tínhamos anunciado, foi lançado no FIBDA o primeiro número desta nova revista de BD lusitana. Infelizmente não pude estar presente nesse dia e falhei a sessão de autógrafos, que segundo parece foi bastante animada, mas bastou-me ir até ao stand da Kingpin of Comics para adquirir o meu exemplar da Sketchbook. Para os mais distraídos: será uma publicação trimestral inteiramente dedicada à BD portuguesa e em cada número poderão encontrar 2 histórias de autores diferentes. Além disso a revista é em formato A4, a cores e custa a módica quantia de 2,50€.
Em primeiro lugar gostava de dar os meus parabéns aos responsáveis, pela apresentação da revista: o papel brilhante é um mimo para os leitores, a capa está bastante apelativa e os tipos de letra utilizados parecem-me bem escolhidos. O resultado final é uma revista muito cuidada que se insere num registo bem distante dos projectos amadores.
A primeira história, A Parede, é da autoria de João Vasco Martins, vencedor dos concursos Jovens Talentos 2005 e do FIBDA 2005. Embora duvide que seja uma influência directa há semelhanças com o argumento de L’Enclave (1993, Nicolas Dumontheuil, Dargaud). Certo dia no meio de um caminho no campo surge uma parede que se estende até onde a vista alcança. A personagem principal assiste ao aparecimento de um conjunto de pessoas, cada uma com uma opinião diferente de como ultrapassar o obstáculo. Esta pequena fábula sobre decisões tem um argumento muito interessante e um final irónico muito conseguido. Gostei dos desenhos. O seu tom descontraído (adorei o rapazinho que se parece com um Playmobil), o desrespeito pelas regras anatómicas e a escolha de pontos de vista mais originais são próprios de um registo mais alternativo.
Hunter, a segunda história é da autoria de Daniel Maia e é uma espécie de experiência como explica o autor na introdução. Das oito pranchas que compõem esta história, sete foram desenhadas entre 1998 e 2005 ao ritmo de uma por ano, para que no final se possa notar a evolução do artista. É uma ideia muito engraçada e é verdade que se notam diferenças à medida que avançamos na leitura. O traço de Daniel Maia é muito bom e digno de aparecer em alguma grande publicação de super-heróis americana. Gostei do ritmo da história e da planificação das vinhetas, mas sinceramente o argumento sobre um caçador espacial não me convenceu. No entanto, acho que o objectivo principal da experiência foi atingido pois é um verdadeiro testemunho da evolução do traço de Daniel Maia.
Gostei muito desta “nova geração da BD nacional” e espero que as vendas sejam boas pois esta iniciativa merece continuar. Desejo o maior sucesso à equipa por detrás da Sketchbook e que a revista tenha uma vida longa!