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Talismã

descriçãoTalismã era um projecto pessoal de Manuel Morgado, estava até quase terminado quando entrou em contacto com a Devir e foi averiguar a possibilidade de colaborar com um argumentista. Tendo em conta as características desta BD, José de Freitas da Devir, juntou Filipe Faria (As Crónicas de Allaryia) ao projecto. O autor acabou por dar o seu toque pessoal à história e muito do que já estava feito foi reformulado. Esta história de fantasia é a estreia de ambos em BD.
O mundo de Ostruna está em perigo. Os Ugrator (uma das cinco raças que povoam Ostruna) estão a subjugar os outros reinos e a resistência já é pouca. O seu objectivo é capturar os quatro reis, e os seus respectivos talismãs, para poderem dominar o mundo sem problemas. Estes talismãs são muito poderosos, mas só se forem manipulados pelo seu dono legítimo. Embora o reino de Vergudir tenha caído, o seu monarca consegue salvar o talismã e enviá-lo para Fargahar (que se parece incrivelmente com uma fortaleza do Senhor dos Anéis). Em Fargahar é formada uma equipa “improvável” que tem por objectivo salvar os reis das garras dos Ugrator, no seu próprio território infestado de tropas.
É inevitável estabelecer paralelismos com o Senhor dos Anéis, uma equipa composta por membros que não se dão bem e que não seriam os mais indicados para a tarefa soa demasiado a déjà vu. Mas além disso, esta equipa tem ainda de se embrenhar em território inimigo para completar a sua missão… Não conheço a obra de Filipe Faria, mas este argumento não me convenceu. Além da falta de originalidade, a narrativa parece bastante ingénua e tudo acontece demasiado rapidamente, por exemplo, tarefas hercúleas são resolvidas de forma fácil e pouco convincente. As personagens também são caracterizadas de forma simplista e a tentativa de inserir romance na história, de forma cómica, acaba por ser um pouco grosseira. No final, a tentativa de dar uma reviravolta à história é bastante incoerente.
O traço de Manuel Morgado parece influenciado pelo mangá, mas é menos apelativo que o das BD dessa escola. Os desenhos são bastante imperfeitos e confusos, talvez um pouco de cor tivesse ajudado (vejam estes desenhos mais recentes, bem mais agradáveis à vista). A ausência de fundos mais trabalhados e de detalhe também não ajuda a cativar o olho do leitor.
Uma história de fantasia muito amadora que não convence, nem pela narrativa, nem pelas ilustrações. Parece que a dupla está produzir uma nova BD, esperemos que seja bem melhor.