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Powers – Quem matou Retro Girl?

descriçaoArgumento: Brian Michael Bendis
Desenho: Michael Avon Oeming

Editora: Devir (edição portuguesa); Image
Bendis é um fenómeno de sucesso da BD norte americana que já arrecadou 5 Harvey Awards e vários outros prémios. Tem assegurado a escrita do Ultimate Spider-Man desde que este título foi lançado, tem escrito inúmeros títulos para a Marvel (Avengers, Daredevil, Ultimate X-Men…) e lançou na Image a excelente linha de comics de ficção criminal Jinx (Goldfish, Torso, Fire e Jinx). A Devir lançou em Janeiro uma edição com os sete primeiros números de Powers, uma das suas criações mais famosas e que lhe valeu em 2001 o Harvey Award para Melhor Nova Série.
Powers é uma BD de ficção criminal mas também de super-heróis e é o equilíbrio entre estas duas vertentes que a torna tão especial. A história não se passa entre as nuvens, com homens enfiados em colants apertados, a lutarem uns com os outros, mas sim nas ruas onde os detectives Walker e Deena investigam a morte da Rapariga Retro. Além disso os heróis desta cidade não são nem tão bons, nem tão puros como os que já conhecemos de outros títulos.
Walker é um polícia soturno, veterano em investigações sobre pessoas com poderes e mantém relações próximas com algumas. Deena acabou de ser transferida a seu pedido e é a nova parceira de Walker, fala muito, é nova e bem disposta, e como podem calcular não tem muita coisa em comum com o seu novo companheiro de trabalho. O seu primeiro caso juntos consiste em descobrir quem matou a mais popular heroína da cidade, e como o conseguiram, já que na morgue nem com um maçarico conseguem perfurar a sua pele de forma a examiná-la. Através desta primeira investigação ficamos a conhecer algumas personagens da série, assim como o ambiente muito próprio que Bendis criou para esta cidade.
Os desenhos de Oeming adequam-se perfeitamente ao ambiente de Powers, lembram-me o estilo utilizado em alguns desenhos animados mas muito mais aperfeiçoado e cheio de detalhes deliciosos. Gosto principalmente da sensação de movimento que Oeming nos consegue transmitir com uma excelente utilização de vários pontos de vista mas recorrendo várias vezes à mesma imagem: às vezes é simplesmente alguém que muda de posição de um quadrado para outro, outras é simplesmente a alternância dos vários interlocutores de uma conversa… A forma como os quadrados estão planeados e se interligam está muito bem conseguida e realça ainda mais a sensação de movimento que os desenhos nos transmitem, Oeming recorre a vários tipos de quadradinhos (chegando mesmo a deixar metade de uma página em preto) de forma a transmitir a imagem da maneira certa. O jogo de cores, e sombras, escuras é outro factor determinante para dar um ar sombrio à cidade e estabelecer o tom para uma investigação criminal.
Embora estes primeiros números funcionem como uma introdução à série, e sejam um prelúdio do que esta é capaz de atingir, “Quem matou Retro Girl?” não deixa de ser uma excelente BD que mistura da melhor maneira ficção criminal e super-heróis. Por isso se são fãs de histórias criminais ou estão fartos de super-heróis pouco convincentes esta BD não vos vai desiludir. Só espero que a Devir dê continuidade a este título e não o esqueça como tem feito com alguns (ainda estou à espera dos próximos números de Fables da Vertigo em português, ou Fábulas se preferirem).

Ferrão