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The Goon: My Murderous Childhood

CapaAutor: Eric Powell
Editora: Dark Horse

Foi através da Avatar que em 1999 Eric Powell publicou o primeiro número, da então desconhecida série, The Goon. Esta colaboração durou apenas 3 números e só em 2002 é que iria surgir mais material com o Goon na capa, esta segunda série foi publicada pelo próprio autor sob a insígnia de Albatross Exploding Funny Books. Graças ao sucesso que a série começou a ter, após 4 números Powell decidiu mudar-se para a Dark Horse em 2003. Desde então já saíram 12 números desta 3ª série de The Goon e o reconhecimento do público, e da crítica, tem sido notório. Em 2003 a série ganhou o International Horror Guild Award para melhor narrativa ilustrada. No ano seguinte, em 2004, The Goon foi nomeado para 4 Eisner Awards e arrecadou o de Best Single Issue, este ano está nomeado para mais 4 Eisner: Best Single Issue (or One-Shot), Best Continuing Séries, Best Humor Publication e Best Writer/Artist—Humor.
O conceito por trás de Goon é incrivelmente divertido e original. Como o nome indica Goon é um criminoso violento que resolve os seus problemas recorrendo à força bruta, e neste volume ficamos a conhecer o seu passado e como criou a sua reputação desde pequeno. Em princípio, sendo um criminoso, seria de esperar que não fosse muito popular entre os habitantes da cidade mas não é isso que se verifica. Isto porque Goon é o único que impede os planos do Zombie Priest de se apoderar da cidade com o seu exército de zombies. A acção passa-se numa cidade americana, algures na altura da grande depressão, onde Goon (saído directamente de um filme de gangsters dos anos 50) passa a vida a salvar os pobres habitantes de zombies, cientistas loucos, gémeos deformados, vagabundos canibais, monstros marinhos, orangotangos que entram em combustão espontânea e outras personagens que tais. Apesar de tudo Goon é uma boa pessoa e é sempre acompanhado pelo seu fiel amigo Franky, um baixote de olhos vazios, sem papas na língua, que traz bastante humor a esta série já por si cómica. É aí que reside a magia de The Goon, é uma série incrivelmente cómica, mesmo tratando de todo o tipo de atrocidades possíveis, e imagináveis, deixa-nos sempre com um sorriso. Por exemplo, na segunda história o vilão é um cientista que só quer melhorar a vida das pessoas e o herói é Goon, um bandido… Seja durante um espancamento, numa simples conversa de bar com Spider (que é literalmente uma aranha gigante) ou a salvar uma velhota obstinada, que faz as compras nas horas em que os monstros saem à rua, há sempre algo que não estamos à espera que acontece e que nos faz rir. Pode também ser algo de incrivelmente absurdo, e sádico, como, uma família americana típica que compra um deficiente mental, o seu novo animal de estimação, e quando este está a desenhar com fezes nas paredes aparecem o Goon, e Franky, para o cortar aos bocados. Mas o humor de Powell estende-se às páginas que não são dedicadas à BD, ele inventa uma quantidade de anúncios falsos, e sequências fotográficas, hilariantes (adorei o “Júnior Goon Kit” que incluí: veneno, uma faca, uma boina, um tubo de ferro…). De todas as histórias a que mais gostei é a que retrata o primeiro encontro de Franky e Goon, e é apresentada em páginas amarelecidas.
Parte da magia de The Goon reside na combinação perfeita entre o estilo visual único de Eric Powell e as suas histórias rocambolescas. O que captou a minha atenção em primeiro foram as magníficas capas pintadas por Powell, são uma alegria para o olho quer a nível da composição, das cores soberbas e do traço detalhado. Depois abrimos o livro e deparamo-nos com um artista que brinca com vários estilos (a sequência com o deficiente parece saída dos Archie Comics) e é bem sucedido em todos. Além dos excelentes desenhos, e das cores vivas, que enchem o olho do leitor, Powell tem um sentido de planificação das vinhetas exemplar, principalmente nas sequências de mais acção, que torna esta BD irresistível.
The Goon é das coisas mais inovadoras, e divertidas, que li ultimamente. O conceito muito original, o sentido de humor invulgar e a arte magnífica fazem com esta BD esteja entre os melhores títulos a serem publicados nos USA neste momento. E, embora este seja o segundo TPB (existem ainda o 0, 1 e 3), é um bom ponto de partida para quem quer conhecer a série pois reúne os 4 primeiros números publicados pela Dark Horse.

Ferrão