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Elk's Run #1 disponível online

Elk's Run, a muito falada revista da editora independente Hoarse and Buggy vai mudar-se para a Speakeasy em Outubro e os seus novos donos decidiram presentear-nos com o primeiro número completamente grátis.
A história passa-se numa pequena cidade separada do mundo exterior, onde os veteranos de guerra são alvos de discriminação. Tudo está bem até um deles tentar fugir. E depois começam as mortes...
Para aqueles que não conseguiram pôr as mãos nos agora esgotados 3 primeiros números desta excelente revista vai ser lançada a Elk's Run Bumper Edition, ainda antes do lançamento do #4, já pela mão da Speakeasy.
Chega de conversa, vamos ao mais importante: Elk's Run #1, cortesia do Newsarama.

Notícias para todos os gostos

O Blog da Utopia esteve de férias mas o mesmo não se pode dizer do mundo da banda desenhada. Ficam aqui algumas das notícias que preencheram os últimos dias:

O filme V for Vendetta, que deveria chegar aos cinemas em Novembro deste ano, viu o seu lançamento adiado para Março de 2006. A Warner negou que a mudança tenha qualquer relação com os recentes ataques terroristas em Londres, que é basicamente o tema da história.

No seguimento do sucesso estrondoso que foi Sin City, a malta de Hollywood não perdeu tempo e já está pronto para começar a ser filmado mais um filme baseado numa obra de Frank Miller. O eleito é "300", que retrata a famosa batalha de Termópilas, entre persas e espartanos, e o próprio Frank Miller participará na produção do filme. "300" será realizado por Zack Snyder ("Dawn of the Dead") e Gerard Butler ("The Phantom of the Opera") foi confirmado no papel do rei espartano, Leonidas.

Parece que Joe Madureira se fartou de jogar Playstation e decidiu voltar ao trabalho, regressando à Marvel para algo que ainda não foi anunciado. Na lista de novas contratações da Marvel estão ainda Jeph Loeb, Michael Turner e (pasmem-se!) Stephen King.

O título The Ultimates" vai ter direito a um terceiro volume, apesar da dupla Mark Millar e Bryan Hitch deixarem o projecto depois de terminarem o segundo volume. Segundo Joe Quesada a nova equipa criativa será surpreendente e já há rumores que os nomes em questão podem ser Jeph Loeb e Joe Madureira.

E eis uma notícia que deve deixar o nosso amigo Ferrão bem contente. Brian Azarello lança em Outubro uma nova série de faroeste pelo selo Vertigo, com arte de seu antigo colaborador Marcello Frusin. Loveless contará a saga de um casal de foras-da-lei pelo Velho Oeste, explorando a corrupção da alma humana.

Há malucos para tudo, e alguns deles com muito dinheiro para gastar. A pessoa em questão comprou, em leilão do site Heritage Comics, a primeira edição da revista "Marvel Comics", de Outubro de 1939, pela módica quantia de 172.500 dólares (cerca de 141.000 euros). E eu aqui a contar os trocos para comprar as revistas do mês...

A Dark Horse vai lançar, na sua colecção Classic Comic Book Characters, mais umas algumas estatuetas das personagens de BD mais conhecidas. Desta vez os escolhidos foram Hellboy, Fone Bone, Magnus Robot Fighter, Marv e Conan. As estatuetas são numeradas e limitadas a apenas 750 cópias. São feitas num estilo retro baseadas no estilo "Syroco", dos anos 40. A primeira a ser colocada à venda será a de Hellboy, e as seguintes serão lançadas uma por mês.

Por agora é tudo. A Utopia deve voltar ao seu ritmo normal nos próximos dias.

100º post

Vamos de férias. Os macacos ficam encarregues da escrita.

The Ultimates Vol.1

Argumento: Mark Millar
Desenho: Bryan Hitch
Editora: Marvel


Em 2001 a Marvel criou a linha Ultimate, da qual fazem parte novas versões dos super-heróis mais conhecidos do Universo Marvel. A diferença mais significativa nesta reinvenção é que as origens dos heróis passam a ter lugar no presente e não nos anos 60 e 70, como aconteceu aos originais. As consequências desta alteração são, no mínimo, bastante significativas, e é isso que torna "The Ultimates" tão interessante.

Os Ultimates surgem então como os Avengers (Vingadores) dos tempos modernos. A equipa é formada pelo General Nick Fury e a agência de segurança nacional S.H.I.E.L.D. como resposta ao aparecimento de super-vilões. Bruce Banner (Hulk) é chamado para recriar o soro que transformou Steve Rogers no Capitão América e Janet Pym (The Wasp) e Hank Pym (Giant Man) juntam-se à equipa. Aos Ultimates junta-se também Tony Stark (Iron Man) e o próprio Capitão América, cujo corpo é encontrado num glaciar e reanimado. O primeiro teste à equipa acaba por ser evitar que Manhattan seja destruída pelo Hulk. Depois da ameaça contida, um Bruce Banner debilitado pede desculpa por tudo o que fez ao que o Capitão América responde com nada mais nada menos que um pontapé na boca. Este simples gesto mostra quão diferente é este Capitão América daquele que já conhecemos e eu, sinceramente, prefiro o novo que me parece muito mais realista. Este incidente com o Hulk acaba por se tornar uma vitória para os Ultimates graças a uma boa manipulação da imprensa (cá está a influência dos tempos modernos). Thor torna-se amigo de Tony Stark pois ambos partilham o interesse por bebida e mulheres (hábitos estranhos para um deus...) e acaba por se juntar à equipa. Neste período de aparente calma sobressaem os problemas pessoais dos super-heróis: Hank Pym agride a mulher e foge, sendo depois repreendido (que é como quem diz espancado) por Steve Rogers; Tony Stark confessa que a razão pela qual o homem mais rico do mundo se arrisca como Iron Man é ter um tumor no cérebro. São estas pequenas (grandes) coisas aproximam os personagens do comum mortal, tornando-os assim muito mais interessantes.
No segundo, e último, arco de histórias surgem os Chitauri, uma raça de extra-terrestres que conseguem mudar a sua aparência (à semalhança dos antigos Skrulls), numa tentativa de conquistar o mundo. A combatê-los está a equipa original a que se juntaram The Black Widow, Hawkeye, Quicksilver e Scarlet Witch. A luta com os Chitauri segue um rumo interessante, em grande parte devido às capacidade de liderança e de sentido táctico mostradas pelo Capitão.

Mark Millar demonstra ser capaz de fazer humor inteligente (como quando mostra Hawkeye a usar óculos e o Tony Stark a enfrascar-se com vodka antes de vestir a armadura) e marca pontos a seu favor quando põe os super-heróis a ter as chamadas "conversas da treta" (destaco a discussão sobre que actores os representariam num filme de Hollywood). A sua narrativa flui naturalmente e consegue cativar a atenção do leitor ao virar de cada página. Só é pena a esporádica exaltação do chamado "espírito americano" que culmina com a (ARGH!!) frase do Capitão América - "You think this letter on my head stands for France?!". Os desenhos de Bryan Hitch adequam-se perfeitamente à acção, tanto em combate como fora dele.
"The Ultimates" é um comic de super-heróis sem os clichés de que já estamos fartos. É uma óptima leitura para todos os amantes de banda desenhada, até para aqueles que não gostam de BDs de super-heróis. Recomendo vivamente.

Batman – Cidade Destroçada

Batman - Cidade DestroçadaArgumento: Brian Azarello
Desenho: Eduardo Risso
Editora: Devir (edição portuguesa); DC

Depois de muitos Disney, Hergé e Goscinny, foi graças aos super-heróis que me iniciei no mundo dos comics norte americanos. A grande responsável foi a editora Abril e as suas publicações em pequeno formato e com um preço muito acessível. Embora me tenha afastado do género há muito, guardei sempre uma preferência pelo Batman e pela sua cruzada vingativa nas ruas de Gotham. Além disso, sou um fiel seguidor do título mensal da Vertigo: 100 Bullets. E, como nesta aventura do Batman participa toda a equipa criativa de 100 Bullets (desde Azarello na escrita a Johnson nas capas) a Devir conseguiu vender mais um exemplar.
Nesta história Azarello decidiu privilegiar a faceta investigadora de Batman em vez do seu lado de super-herói. Temos então, na melhor tradição noir, um Batman detective a investigar o assassinato brutal de uma jovem, irmã de um pequeno fora da lei. Como não podia deixar de ser, numa história de detectives, Batman narra constantemente os acontecimentos e os seus pensamentos, o que acaba por afastar ainda mais este título dos cânones tradicionais do género. Além disso, Azarello recorreu a alguns vilões mais esquecidos e deu-lhes uma nova vida: Croc tem uma doença de pele que provoca a parecença com um crocodilo, e Scarface ganha um maior protagonismo graças à sua esquizofrenia exacerbada.
Este caso tem um significado especial para o morcego, pois enquanto persegue Angel Lupo, o irmão da rapariga assassinada, os pais de um rapazinho são baleados à sua frente. Isto reabre velhas feridas e proporciona várias sequências introspectivas sobre o passado de Bruce, que Azarello introduz com mestria nos seus sonhos. Portanto, Batman empenha-se de corpo e alma em descobrir o paradeiro de Angel Lupo, nem que para isso tenha de recorrer à ajuda da corja de Gotham. Ao envolver-se de forma passional o morcego vai muitas vezes ignorar o que está mesmo à frente do seu nariz. Neste processo Azarello descreve um Batman, por vezes, pouco racional e confunde o leitor com falsas pistas. Apesar do grande número de suspeitos envolvidos, no final não sobra nenhuma ponta solta.
Quanto ao desenho, na minha opinião, é o ponto forte deste título graças ao talento de Eduardo Risso. É o seu traço característico que torna Cidade Destroçada muito apelativa para os leitores de 100 Bullets. Parece que transportaram Batman, e a cidade de Gotham, para o universo muito próprio da premiada série da Vertigo. Não faltam as mulheres sedutoras, os bandidos latinos e os que parecem saídos directamente saídos de um qualquer clip de hip-hop, e até os carros europeus de luxo. Para os mais atentos Risso inclui ainda duas referências a 100 Bullets: o agente Graves e Mr Shepeherd. No entanto, em Cidade Destroçada há uma maior utilização de cores escuras, principalmente nas vinhetas referentes a Gotham. Risso retrata assim uma cidade de Gotham com tiques góticos, e incrivelmente obscura, o habitat natural de um homem morcego. Também gostei muito do lado minimalista que a arte de Risso tomou de forma a fazer emergir as personagens do ambiente tenebroso; são notáveis as vinhetas completamente negras, apenas com alguns elementos a aparecerem. Quando Gotham é desenhada desta forma lembra a Sin City de Frank Miller, pois de algumas linhas e grandes blocos negros surge uma cidade.
Embora Azarello nos tenha habituado a bem melhor com a intriga de 100 Bullets, Cidade Destroçada não deixa de ser uma aventura do Batman muito interessante. E se são fãs de 100 Bullets este TPB vale pela arte de Risso (e companhia), pois parece que o morcego anda pelo mundo criado por Azarello e Risso para a Vertigo.

Muitas entrevistas no nº2 da Millarworld Magazine

Millarorld Mag #2O site millarworld.tv (dedicado ao trabalho de Mark Millar) publica todos os meses uma revista online (completamente grátis) onde são tratatos diversos assuntos relacionados com a nona arte.
O nº2, de Agosto, foi colocado online ontem e conta com uma carrada de entrevistas e outras tantas críticas, a comics e a filmes. Os entrevistados são nomes como Jim Lee, Garth Ennis, Geoff Johns e Peter Mayhew (ou deverei antes dizer Chewbacca?), entre outros. Entre os comics que tiveram direito a review estão "Fell" (de Warren Ellis), "Ultimates Annual" (do próprio Mark Millar), "All-Star Batman & Robin, The Boy Wonder" (de Frank Miller e Jim Lee) e "Serenity #1" (baseada no filme "Serenity" que por sua vez se baseia na idolatrada série "Firefly"). E qual não foi o meu espanto quando vi que um dos que contribuiram para as críticas é português, de seu nome Bruno Batista, e que me parece mesmo alguém que já vi a trabalhar na Kingpin of Comics (ou será que estou a alucinar?). De qualquer das maneiras, é bom ver o nome de Portugal a aparecer lá por fora.