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Lançamento de Talismã

Decorreu ontem na Livraria Almedina (Atrium Saldanha) o lançamento da nova aposta lusa da Devir: Talismã. O público aderiu à iniciativa e a afluência foi boa, chegando algumas pessoas a ficar de pé. Além dos autores (Manuel Morgado e Filipe Faria), estavam também presentes João Miguel Lameiras e José de Freitas (Devir).
João Miguel Lameiras iniciou a sessão pedindo aos autores para falarem um pouco do processo criativo, mas como ambos disseram são “homens de poucas palavras” e portanto foi preciso uma ajudinha do público e de José de Freitas. Sobre a obra, ficámos a saber que inicialmente Manuel Morgado já tinha uma história de 40 páginas pronta quando contactou com a Devir. Mas como não estava muito satisfeito com o final pediu à Devir que o pusesse em contacto com um argumentista, e foi assim que Filipe Faria passou a fazer parte deste projecto. Das 40 páginas que já existiam muito foi mudado, houve vinhetas que mudaram de sítio, páginas que desapareceram e diálogos completamente alterados, Filipe Faria aproveitou o que já tinha sido feito por Manuel Morgado mas deu-lhe o seu toque pessoal.
Filipe Faria é o autor de vários livros de fantasia, mas como argumentista de BD esta é a sua primeira experiência, portanto teve de pesquisar sobre a maneira correcta de escrever um argumento para BD. Quanto questionado sobre a possibilidade de realizar uma prequela, em BD, para as suas Crónicas de Allaryia, Filipe Faria disse que “se antes isso estava completamente posto de parte, hoje já não digo que não”.
Quanto a Manuel Morgado, esta é a sua primeira BD (tirando uma produção para a Câmara Municipal do Sabugal), e ficámos a saber que faz os seus desenhos a lápis em cartolinas A3, passando depois a tinta e posteriormente digitaliza as imagens.
Como curiosidade, Filipe Faria disse ser fã de Super-Homem e Batman, e que lhe agradou ver a evolução destas personagens ao longo dos anos. Referiu também que começou a ler BD antes de ler prosa, e que foi um processo complicado, e decisivo, fazer a transição entre os dois tipos de literatura. Já Manuel Morgado, referiu preferir a BD franco-belga, embora nem sempre tenha “paciência para ler uma BD até ao fim”, pois o que lhe interessa mais é a arte e os métodos de composição.
José de Freitas ainda falou do estado da BD portuguesa, dizendo que recebem várias propostas de projectos, mas que normalmente não resultam em nada. Apontou duas razões principais para este facto: a falta de vontade dos artistas em colaborarem com um argumentista e a falta de empenho dos candidatos. E elogiou Manuel Morgado por ter aceite tão bem que alguém participasse no seu projecto e o alterasse quase radicalmente.
Ambos os autores gostaram desta colaboração (embora só se tenham conhecido pessoalmente uma vez o projecto terminado) e parece que estão na calha futuros projectos (visitem o fórum de Filipe Faria para mais informações).

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