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Primeiras Impressões: American Virgin #1 e Supermarket #1

American Virgin #1

CapaArgumento: Steven T. Seagle
Desenho: Becky Cloonan
Editora: DC/Vertigo

A Vertigo adora pegar em conceitos estranhos e orientados para o desenvolvimento da personagem principal, American Virgin não escapa à regra. O conceito de se abster de relações sexuais antes do casamento é muito mais difundido nos Estados Unidos do que por cá, mas isso não retira nada ao prazer da leitura.
Adam Chamberlin tem 21 anos, é virgem por opção e atingiu o estatuto de estrela ao dar palestras sobre o assunto, e com o seu livro “Save yourself to save yourself”. Adam é especial, Deus iluminou-o e disse-lhe para não ter relações sexuais com a sua namorada antes do casamento, é esta a mensagem que Adam anda espalhar pelo país, em parte graças ao seu ar perfeito e ao seu carisma. No entanto, Adam está rodeado de pessoas muito menos recomendáveis: a mãe que o vê como uma fonte de rendimentos, o irmão mais novo que fuma ganzas (porque não há nada que o proíba na Bíblia), os primos com intenções duvidosas e uma irmã, com um ar muito pouco católico, que se afastou da família. Por trás da fachada, Adam, também parece muito menos perfeito e está mais obcecado por sexo do que dá a entender.
Gostei dos desenhos de Cloonan. Consegue mostrar Adam como um ser perfeito, rodeado de pessoas um pouco mais monstruosas. Nas cenas apropriadas o seu traço emana bastante sensualidade.
Neste primeiro número presenciamos vários acontecimentos invulgares, que servem perfeitamente para caracterizar Adam, e que provavelmente vão abalar as suas crenças. As bases estão lançadas para grandes modificações na vida de Adam, e para abordar a questão da sexualidade de uma forma engraçada e original. 8/10


Supermarket #1

CapaAutor: Brian Wood
Desenho: Kristian
Editora: IDW

Parece que todos os títulos escritos pelo Sr. Wood se estão a tornar em sucessos imediatos e Supermarket deve ir pelo mesmo caminho. Admito que gosto muito de comics, como Supermarket, situados num futuro cosmopolita não muito distante.
No mundo de Supermarket as cidades cresceram exponencialmente e foram criadas zonas de máxima segurança que custam um preço exorbitante, apenas acessível a uma pequena minoria. É numa dessas zonas residenciais que vive Pella Suzuki, descendente de pais nipónicos. Pella vem de um meio familiar muito abastado mas isso não impede de metralhar os pais com questões sobre comércio justo ao pequeno-almoço. Além disso Pella trabalha numa loja de conveniência, para poder moral para chatear os seus pais e para se aproveitar dos clientes esbanjadores que vão a este tipo de lojas. O problema é que a vida de Pella vai ser radicalmente alterada de um momento para o outro e ela não vai saber o que fazer…
O futuro onde vive Pella é um reflexo do que poderá ser o nosso se o mundo continuar a evoluir no sentido do consumismo exarcebado e sem nenhuma preocupação pelo meio ambiente. É um mundo frio e estratificado, onde as pessoas endinheiradas exibem o seu dinheiro, simplesmente porque o podem fazer.
A arte de Kristian é excelente e muito adaptada ao ambiente da história. O traço de Kristian é bastante anguloso, e incrivelmente detalhado nos grandes planos da cidade. As cores utilizadas são incríveis, há uma predominância de tons alaranjados e esverdeados, e é espantoso como Kristian consegue fazer com que os néons brilhem mesmo.
Este primeiro número agarra muito bem o leitor. Caracteriza muito bem o futuro imaginado por Brian Wood e a personagem principal, ao mesmo tempo que a mete numa enorme confusão e levanta imensas perguntas, deixando o leitor ávido pelo número 2. Gostei também do papel cartonado utilizado na capa e páginas interiores. 9/10