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Cinco sugestões de leitura (por Ferrão)

Para aproveitar o Dia Mundial do Livro o Verbal, do Notas B.D.filas, lançou um desafio aos blogues de BD. A ideia é darmos 5 sugestões de leitura para cativar novos leitores. Um pouco atrasadas, aqui ficam as minhas.

Le Combat Ordinaire

A história de um fotógrafo parisiense que se muda para a província. Larcenet aborda o eterno tema da procura de si mesmo, da passagem à idade adulta e de todas as angústias de quem se interroga sobre o sentido da nossa existência. Uma série intimista que trata de temas sérios de uma forma despretensiosa.





Palestina

Depois de passar 2 meses na Palestina Joe Sacco escreveu este título em que mistura técnicas de reportagem com BD. Sacco revela as dificuldades do dia-a-dia nos territórios ocupados e vai além da simples denúncia, fazendo o leitor entrar no quotidiano dos palestinianos e sem nunca cair em falsos moralismos. Uma BD excepcional!




Stray Bullets

A narrativa centra-se à volta de um enorme grupo de personagens que se vão cruzando e influenciando as vidas uns dos outros. A maior parte são criminosos ou têm vidas muito problemáticas. Uma BD muito violenta em que a narrativa ora avança, ora recua no tempo, de modo a que possamos apercebermo-nos do verdadeiro percurso de cada uma das personagens. Sem dúvida alguma, a minha BD de ficção criminal preferida.



Transmetropolitan

Warren Ellis criou uma versão futurista de Hunter S. Thompson em Spider Jerusalem, o jornalista que incomoda toda a gente com as suas revelações bombásticas. A acção passa-se num mundo futurista, que não está assim tão distante do nosso, dominado por tecnologias de informação, drogas e todo o tipo de perversões. Um título brilhante cheio de comentários sociais e invenções doentias que só poderiam ter saído da mente insana de Ellis. Dos meus comics preferidos.


Y: The Last Man

Algo de inexplicável acontece e de um dia para o outro todos os portadores de cromossoma Y morrem, à excepção de Yorrick e o seu macaco Ampersand. Esta série segue as desventuras de Yorrick e companhia, na sua viagem em busca de uma possível cura, num mundo pós-apocalíptico em que as mulheres tiveram de se reorganizar para conseguirem sobreviver. Série muito cómica e cheia de imprevistos deliciosos.

Marvel Zombies

Argumento: Robert Kirkman
Desenho: Sean Phillips
Editora: Marvel

Pela segunda vez em pouco tempo sou positivamente surpreendido por uma história sobre zombies, que estão muito longe de ser as minhas criaturas favoritas. Aliás, as típicas histórias de zombies deixam-me bastante incomodado pela passividade e previsibilidade das ditas criaturas, que assim se tornam muito menos assustadoras do que poderiam ser.
O principal responsável por estas duas boas surpresas foi Robert Kirkman, primeiro com The Walking Dead e agora com este Marvel Zombies.
A história tem lugar numa realidade alternativa (criada por Mark Millar nas páginas de Ultimate Fantastic Four) na qual o vírus que transforma as pessoas em zombies se abateu sobre a Terra e infectou os mutantes. Depois de devastarem todo o planeta, as versões zombie dos nossos conhecidos heróis da Marvel deparam-se com uma situação complicada: não têm mais nada para comer e a fome insaciável que os consome fará com que começem a devorar-se uns aos outros. Através dos cinco números desta mini-série acompanhamos os “heróis” na busca de comida, desde a perseguição de Magneto (um dos últimos sobreviventes) até ao aparecimento do Surfista Prateado e de Galactus, culminando num final bastante interessante.
O que realmente dá valor a esta BD é a forma como os zombies são tratados. Aqui eles têm consciência dos seus actos, são agressivos e depois de saciados são capazes de raciocício inteligente e sentem remorsos pelas barbaridades que cometeram. Kirkman combina estas características com aquelas que já conhecemos destas criaturas (falta de sensibilidade à dor e corpo extremamente frágil por se encontrar em rápida decomposição) para criar situações muito interessantes, repletas de humor negro.
Como já tinha referido depois de ler o primeiro número, não gostei dos desenhos de Sean Phillips por me parecerem demasiado grosseiros e desprovidos de detalhe. Acredito que não seja fácil desenhar corpos em decomposição mas acho que era possível fazer bastante melhor.
Marvel Zombies é uma história simples e divertida sobre super-heróis e zombies e destaca-se por isso mesmo, por não cair na armadilha de ser uma história de zombies como todas as outras e acrescentar algo de novo a estas criaturas.

Seth e os X-Men

X-Men por Seth
Se Seth (Wimbledon Green) tivesse criado os X-Men era este o aspecto que teriam os mutantes mais famosos da BD. Este desenho, da formação original dos X-Men, está a ser leiloado no eBay para angariar fundos para os Dough Wright Awards (prémios canadianos de BD).

Blacksad – Alma Vermelha

CapaArgumento: Juan Díaz Canales
Desenho: Juanjo Guarnido
Editora: Asa

Ao terceiro número, Blacksad, é já uma das séries mais mediáticas do mainstream franco-belga. Sumptuosamente ilustrado por Guarnido (antigo colaborador dos estúdios Disney) e com argumentos inspirados nos mais clássicos policiais noir, Blacksad já foi distinguido em Angoulême com o prémio de melhor desenho (para o 2º número) e de melhor série (para este 3º tomo). A dupla de autores espanhola teve uma entrada triunfante no mercado aquando da saída do primeiro tomo, mas desde então as opiniões têm-se dividido entre os fãs incondicionais da série e os que pensam que a série poderia voar ainda mais alto. No entanto, embora rodeado de muitas expectativas, este Alma Vermelha deixou a maioria dos bedéfilos pouco convencidos.
A série passa-se na América dos anos 50 povoada por animais antropomórficos, cuja personalidade é reflexo da raça a que pertencem. Embora o conceito não seja novidade, esta é uma das grandes qualidades de Blacksad, que consegue retratar as complexas relações humanas e políticas, através de animais.
Em Alma Vermelha, o gato detective está em Las Vegas a ganhar dinheiro fácil, trabalhando como guarda-costas de um jogador sortudo. Ao voltar para casa, encontra o seu mentor Otto Lieber, uma sumidade da energia nuclear, precisamente quando as tensões da Guerra Fria estavam no seu apogeu. Otto Lieber, trabalha para Gotfield um milionário que se rodeou das personalidades mais importantes da ciência e das artes (o poeta beatnik Ginsberg está entre eles). Blacksad é forçado a intervir quando um dos membros do grupo é assassinado…
O álbum abre no melhor do registo policial, com Blacksad a narrar as suas peripécias como baby-sitter de ricos. No entanto, a meio do álbum, a narrativa dispersa-se. Díaz Canales quis abordar temas como o nazismo, a caça aos comunistas de McCarthy, a guerra fria e o medo da energia nuclear, mas fê-lo de uma forma muito superficial e demasiado rápida, acabando por não explorar de forma convincente nenhum deles. É pena, pois o argumento fica muito aquém dos volumes anteriores e perde-se um pouco do espírito noir de Blacksad.
Guarnido continua a ser a estrela desta dupla. Os seus desenhos a aguarela são irrepreensíveis, desde a perfeição do traço, à utilização de planos cinematográficos e cores vibrantes, tudo funciona na perfeição. É também notável a expressividade que o desenhador consegue dar aos animais, tornando-os quase humanos, coisa que muitos não conseguem fazer quando desenham pessoas…
É pena que o argumento não esteja à altura do desenho, mas não deixa de ser uma leitura agradável que não irá manchar a reputação desta série acima da média. Talvez não tivesse sido má ideia aumentar o número de páginas ou dividir a história em vários arcos. Esperemos que Díaz Canales esteja mais inspirado quando escrever o argumento do quarto tomo…

Breakfast After Noon

CapaAutor: Andi Watson
Editora: Oni Press

Após ter lido apenas duas BDs de Andi Watson, posso dizer que já se tornou num dos meus autores preferidos, graças à forma original como aborda temas menos comuns no mundo dos comics. Não é nenhuma estrela do mainstream americano mas é bastante conhecido dentro do meio, principalmente devido a Breakfast After Noon, que até foi nomeado para o Eisner de Best Limited Series em 2001. Títulos baseados na vida real, sem qualquer tipo de subterfúgio heróico-fantástico, não são muito comuns no mercado norte-americano, e a julgar por este título é uma pena.
Passado na Grã-Bretanha pós Thatcher, Breakfast After Noon narra as tribulações de um casal numa altura confusa das suas vidas. Rob e Louise vivem juntos, estão a tentar ter um filho, trabalham ambos na fábrica de porcelana local e estão embrenhados nos preparativos do seu casamento, que está para breve. Infelizmente as coisas nem sempre correm como planeado e são ambos despedidos. Assistimos então a duas reacções distintas face ao desemprego: Rob não se conforma e quer recuperar o seu antigo emprego a todo o custo, o que faz com que abandone a ideia de começar tudo de novo; Louise vai à luta e recomeça a estudar graças ao fundo de desemprego. As diferenças de atitude, e a apatia cada vez maior de Rob, marcam o início da ruptura da relação.
Andi Watson brilha por pegar numa situação perfeitamente banal, mas em que captura na perfeição a sua essência e momentos chave. Tendo em conta que é uma BD em que se aborda o desemprego o autor podia cair na tentação de ter um discurso didáctico ou politizado, mas felizmente isso não acontece e o cerne da narrativa é mesmo a deterioração da relação amorosa. Admito que adorei a forma como Watson abordou a relação entre Rob e Louise. Estão lá todos os ingredientes inerentes ao final de uma relação mas Watson não precisa de os evidenciar demasiado, é tudo tratado de forma bastante subtil e até dissimulada.
Andi Watson é também um exímio narrador de banda desenhada. Poucas são as vinhetas desnecessárias e alguns detalhes, que podem parecer inconsequentes, mais tarde têm grandes repercussões na narrativa.
O estilo simples da arte de Andi Watson é bastante original e afasta-se do que a maioria dos leitores estão habituados. Embora o seu traço não seja incrivelmente detalhado, é bastante eficaz na medida em que é muito expressivo. Pode parecer demasiado próximo de um registo utilizado em esboços, mas a boa utilização que Watson faz das sombras, e tons de cinzento, cria um ambiente muito pessoal.
Tal como Le Combat Ordinaire, esta é uma BD que aborda o quotidiano de pessoas comuns, em situações banais. A forma sincera e não romantizada, como é abordada a temática principal, é o que faz desta BD um daqueles títulos que todos deveriam ler (até aqueles que não gostam de histórias ao quadradinhos).

II Festival Internacional de BD de Beja

O Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja volta a tomar conta da planície, desta vez entre os dias 8 e 29 de Abril, com a sua segunda edição. Agora com a particularidade de ter alargado fronteiras. Além da Casa da Cultura, que constitui o núcleo principal do evento, o Festival espraia-se pelas Casa das Artes - Museu Jorge Vieira e pelo Museu Regional de Beja. E alarga a sua programação paralela ao Teatro Municipal Pax Julia. No total repartem-se pela cidade 11 exposições individuais e 3 exposições colectivas.

Nas exposições individuais estarão representados os seguites autores: Carlos Pacheco (Espanha), Daniel Maia, Filipe Abranches, George Pratt (EUA), Horácio, Javier Olivares (Espanha), Lam, Lourenço Mutarelli (Brasil), Maria João Careto, Pedro Morais e Pedro Nora. A estas juntam-se as exposições de "A Viagem da Virgem", "Black Box Stories" e "Venham +5".
A acompanhar as exposições estão agendados um grande número de lançamentos, entre eles: BDjornal n.º 12, Black Box Stories (de José Carlos Fernandes e Luís Henriques), WE3 (edição da Devir), Pão de Law – Edição Especial (de Daniel Maia), All Girlz (o fanzine para autoras portuguesas) e TERTÚLIA BDzine n.º 101 e 102.
Além disso vão ainda decorrer várias outras actividades: workshops, ciclos de cinema, conferências, o Mercado do Livro e as já habituais sessões de autógrafos.
Para mais informações consultem o site oficial.

O portal Central Comics tem agora uma loja física

Montra Central Comics
Situada na Rua das Doze Casas, número 22, esta será uma loja especializada neste género particular, que pretende oferecer a quem a visita o que de melhor procura em termos de oferta de produtos e relação qualidade-preço.

Contamos com 40 m2 e um conceito inovador a apresentar ao público. Procurando ser uma real alternativa a lojas já existentes na cidade e no país, a Central Comics (assim se designará também este espaço) proporciona preços competitivos (a par do que já vem sendo habitual através da loja on-line) e também uma vasta gama de produtos.
Para além dos comics e livros, poderão também ser aqui encontrados artigos de merchandising, decoração exclusiva, design de moda, importações, novidades e muito mais.

Inserido na loja Central Comics, encontra-se o espaço Velvet & Lace, um projecto que nasce do gosto pelo vestuário e acessórios de índole romântica, revivalista, que proporciona a confecção por medida e ao gosto de cada cliente, reciclagem de artigos, vestuário Gothic Lolita, Cosplay e muitas outras novidades.

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Instalada bem no centro da cidade, a Central Comics Loja está a menos de 5 minutos a pé do Metro do Porto (Saída: Marquês) e a um minuto a pé da paragem do autacarro 302 dos STCP (Circular Aliados - Damião de Gois), que inclui o serviço Andante (logo faz correspondência com o Metro). A Loja fica perto da Praça Marquês do Pombal, e entre várias ruas de referência desta área metropolitana: Rua de Santa Catarina, Rua da Alegria e Rua Latino Coelho.

http://www.centralcomics.com
http://www.velvet-lace.com